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Déficit no ensino básico afeta profissionais da Contabilidade

Uma educação básica deficiente acompanha os alunos até a faculdade e, caso lá isso não seja trabalhado, pode afetá-los até mesmo quando já estiverem no mercado de trabalho.

Uma educação básica deficiente acompanha os alunos até a faculdade e, caso lá isso não seja trabalhado, pode afetá-los até mesmo quando já estiverem no mercado de trabalho. Essa ideia foi comprovada pelo presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade – Anefac, Antonio Carlos Machado. Mestre em Contabilidade e Controladoria e bacharel em Ciências Contábeis pela Universidade de São Paulo – USP, lecionou por 12 anos no curso de Ciências Contábeis e viu essa realidade de perto.

“As faculdades têm tido que trabalhar matemática básica e português, por exemplo. Isso nos obriga a retroceder, a fim de prepará-los para o que de fato é a função da universidade de passar. Em contrapartida, os alunos são mais exigentes e têm maior acesso à informação, o que torna lecionar um grande desafio”, explicou Machado.

A busca por outros conhecimentos tem mudado o ponto de vista desses profissionais. “O contador tem visto mais teoria da comunicação. O motivo é simples: é preciso saber como passar as informações obtidas através da contabilidade das empresas para os acionistas e empresários. Então é preciso escrever esses dados de forma simples e inteligível, demonstrando o que está acontecendo e porque está acontecendo”, afirmou.

Mesmo com a maior oferta de cursos de Ciências Contábeis, o número de contadores ainda é pequeno no Brasil. Segundo o presidente da Anefac, são 480 mil contadores em terras tupiniquins, o que representa 1 profissional da Contabilidade para cada 400 habitantes. Nos Estados Unidos esse número dobra: para cada 200 habitantes há um contador.

Crise econômica

Como novo gestor, Machado contou que seu grande desafio é conciliar a agenda dos executivos que estão no mercado com a da Anefac, uma vez que em ano de crise, o volume de compromissos desses profissionais tende a ser bem maior do que em períodos de bonança. A Anefac, que tem mais de 1.600 associados, realiza diversos eventos técnicos e reuniões, visando a capacitação dos profissionais, com temas atuais e de grande importância para os setores aos quais atende.

“Os profissionais contábeis devem estar muito preparados nas áreas tributária, de custos e crédito, que terão forte demanda nos próximos anos”, disse. Com relação à crise financeira, Machado acredita que o governo deveria diminuir os custos, “fazer a sua lição de casa em vez de transferir a sua ineficiência ao contribuinte”.

As empresas prestadoras de serviços que estão no regime de tributação do Lucro Presumido serão as mais atingidas pela alta dos impostos, uma vez que não conseguem compensar o PIS/Cofins utilizando os benefícios dos insumos. Além disso, o imposto sobre lucro também será reativado, agravando ainda mais a situação. “Esses aumentos ainda não foram adequadamente explicados pelo governo, mas afetarão o setor responsável pelo maior número de contratações, o que acarretará no crescimento no volume de demissões”, estimou.