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Inovar para diferenciar

A maioria das grandes empresas é parecida em seus processos administrativos, especialmente nos processos de gestão, envolvendo o estabelecimento de metas, planejamento, orçamentação e avaliação do desempenho.

A maioria das grandes empresas é parecida em seus processos administrativos, especialmente nos processos de gestão, envolvendo o estabelecimento de metas, planejamento, orçamentação e avaliação do desempenho.

Talvez por isso, Hamel (2007) tem argumentado que há necessidade de se repensar estruturas, processos, recursos e capacidades nas organizações para criar diferenciação e poder competitivo.

Para essa questão, Hamel (2011, p. 4) aponta diferentes caminhos nos quais algumas empresas têm adotado a conexão com a tecnologia visando à sua transformação, reinventando assim, seus valores e competências centrais.

Outras organizações têm adotado a experiência de mercado, na qual, justificam “levar os profissionais da empresa às ruas, em busca dos muitos modos diferentes de contar o que tinham visto”.

Ainda outras adotaram a escolha funcional voluntária, onde especialistas iniciam projetos, montam equipes e pessoas convidadas se unem a eles voluntariamente. Lança-se mão, neste caso, de indivíduos multidisciplinares, isto é, com funções ambidestras, de alinhamento interno às exigências do entorno competitivo, compartilhando-se o conhecimento adquirido, com transparência, ao longo de toda a organização.

No processo de diferenciação assim descrito, desenvolver a capacidade de inovar é uma das principais premissas. Nessa direção, uma opção estratégica para sustentar o esforço em direção ao aumento da capacidade de inovar, é sugerida por Chesbrough (2003), por meio dos princípios da inovação aberta.

Essa última se caracteriza por ser uma nova abordagem de aquisição e expansão de domínio tecnológico e da inovação de forma mais rápida e eficiente utilizando-se de idéias externas à organização e, ao mesmo tempo, de disponibilização, para outras empresas, de idéias, tecnologias e inovações geradas internamente.

Segundo Chesbrough (2008), há alguns elementos que ajudam a identificar se determinada empresa possui as características necessárias para que a inovação aberta funcione – e se compensa ou não adotá-la. Um deles é a dinâmica tecnológica da empresa.

Para um fabricante de mísseis nucleares, por exemplo, a inovação aberta não faz sentido, por causa do grau de confidencialidade inerente ao negócio da empresa.

Outros elementos são o grau de mobilidade de mão-de-obra, o grau de dispersão do conhecimento na área, o ritmo de nascimento de novas empresas no mercado e a relevância da presença da universidade no ramo de atuação da empresa.

Mas, em teoria, a inovação aberta é mais voltada às médias e grandes empresas. Com uma só idéia, uma pequena empresa consegue dobrar ou triplicar de tamanho ano após ano e seu esforço por busca externa de inovações tende a arrefecer.

Já as médias e grandes precisam manter um fluxo constante de inovações para garantir sua participação no segmento em que operam. O volume e o esforço por inovações tornam-se mais intensos nessas empresas, porque crescimentos da ordem de 1%, 2% ou 10% ao ano precisam ser mantidos para assegurar suas posições. Isso transforma a inovação, nessas empresas, um processo sistemático, de grande escala e eventualmente de alto custo.

O fato de que o volume de inovações aumenta dia-a-dia, para as empresas que sustentam suas estratégias competitivas em domínio tecnológico é atestado por inúmeros especialistas e estudiosos da área de inovação como Schumpeter (1927), Drucker, (1998), Roussel (1991), Christensen (2007), implica as empresas precisarem buscar fora de suas paredes, ou desenvolver internamente, as inovações de que necessitem.

Desenvolver inovação internamente, porém, tem seus gravames. Do lado das empresas, aponta Chesbrough (2008), faltam mecanismos, processos, modelos internos de gestão e de coordenação de fluxos de inovação e da pesquisa e desenvolvimento. Isso tem reflexos sérios sobre prazos, entregas e custos da pesquisa.

Buscar inovações prontas, de fontes externas à empresa, portanto, parece ser um caminho não apenas viável, mas necessário, pela presumível agilidade de acesso e incorporação da inovação. Assim, a estratégia de inovação da empresa deve estar assentada sobre processos de busca e seleção da inovação que sejam realmente eficientes, segundo o que prevêem as premissas da Inovação Aberta.

Nessas premissas estão considerados os processos característicos da Inteligência Competitiva Tecnológica, especificamente o processo da prospecção de informações tecnológicas, objeto da presente pesquisa.

Prospectar e acessar inovações externas, úteis para os interesses de domínio tecnológico das empresas, é um processo necessário para manutenção de sua capacidade inovadora, que requer sustentação por meio de eficientes mecanismos de busca.

Referência bibiográfica:

HAMEL, Gary; BREEN, Bill. O Futuro da administração. Rio de Janeiro: Campus, 2007.